Terapia da Fala

O Terapeuta da Fala é o técnico de saúde responsável pela prevenção, avaliação, tratamento e estudo científico da comunicação humana e perturbações associadas, que Intervêm directa ou indirectamente no tratamento das perturbações de comunicação, de linguagem (escrita e falada), da fala, de voz e da deglutição.
(CPLOL – Comité Permanent de Liaison des Orthophonistes/Logopédes de l’Union Européenne)

A avaliação em Terapia da Fala requer uma abordagem compreensiva dos aspectos funcionais e outros da competência comunicativa. É processo contínuo e conta com a colaboração de profissionais de outras áreas, possibilitando um diagnóstico através de testes objectivos e da observação clínica, para a formulação de um plano de intervenção.

A Intervenção em terapia da fala tem como objectivo primordial levar os indivíduos – crianças, jovens, adultos e idosos – ao mais alto nível de comunicação e de funcionalidade, de acordo com o seu envolvimento social, educacional e profissional, de forma a manter e/ou aumentar um estilo de vida independente.

O processo terapêutico pode incluir uma intervenção directa ou indirecta, incluindo sempre um acompanhamento e aconselhamento permanente durante todo o processo.

Áreas de intervenção

1. Perturbações da comunicação

Alterações da comunicação por atrasos globais de desenvolvimento de etiologia ambiental, neurológica ou orgânica.

2. Perturbações da linguagem

2.1 Atraso de desenvolvimento da linguagem (ADL) no desenvolvimento das capacidades necessárias para a expressão e compreensão de pensamentos e ideias. Pode ser de etiologia ambiental, orgânica, neurológica ou desconhecida.

2.2 Perturbações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem (PEDL) atraso em apenas algumas áreas da linguagem (sintaxe, semântica, fonologia, pragmática). Nestes casos a criança não apresenta alterações orgânicas, neurológicas, emocionais ou ambientais que justifiquem um atraso no desenvolvimento da linguagem.

2.3 Perturbações da linguagem escrita  – crianças com dislexia, disortografia e/ou disgrafia ou que necessitem de desenvolver as suas competências de pré-literacia e literacia. Muitas vezes este tipo de perturbação está associada a ADL ou perturbações articulatórias fonológicas. 

3. Perturbações da fala

3.1 Perturbações da articulação, classificam-se em:

Perturbações articulatórias fonológicas:  resultam, na sua maioria, de atrasos no desenvolvimento da linguagem e caracterizam-se pela substituição ou omissão de sons existentes no português.

Perturbações articulatórias fonéticas: resultam de alterações orgânicas dos articuladores e caracterizam-se pela distorção dos sons do português.

3.2 Apraxia do discurso – alteração da programação motora secundária, sem qualquer alteração muscular, que leva a uma incompetência na programação dos movimentos articulatórios que dão origem às palavras.

3.3 Disartria – defeito por lesão do Sistema Nervoso Central ou Periférico que se pode traduzir em fraqueza, lentidão ou incoordenação muscular, podendo afectar a articulação, a fonação, a respiração e a prosódia, embora a linguagem esteja preservada. 

3.4 Perturbações da fluência (gaguez) – interrupções no desenrolar do ritmo da fala, caracterizadas por hesitações, repetições e prolongamentos de nomes, sílabas, palavras e frases. Podem ser de desenvolvimento ou de causa neurológica.

4. Perturbações da voz

De causa funcional, orgânica, resultante de trauma, de desenvolvimento ou adquirida, este tipo de perturbações são caracterizadas por uma intensidade (demasiado forte ou fraca), altura tonal (muito alta, muito baixa, muda ou interrompida), qualidade vocal (aspirada, soprada ou nasal), ressonância e/ou duração inapropriadas. 

5. Perturbações da deglutição

Normalmente são de causa neurológica ou orgânica, acompanham perturbações da comunicação, da linguagem, da fala e/ou da voz.